Chovia imenso e estava frio. Larguei o trabalho e deitei-me no sofá a ver filmes e a comer cereais. Programa perfeito para um Domingo chuvoso, caso estivesses aqui. Lembrei-me de ti mas voltei a focar-me no filme. Era um daqueles filmes que me deixa com água na boca, com vontade de sair de casa e correr o mundo à procura de felicidade. O prédio está calmo, não oiço os adolescentes de cima nem o casal de baixo que está sempre a discutir. Ouvi uns passos no corredor e olhei para a porta. Reparei numa carta que estava no chão. Calçei as minhas pantufas e enrolei-me no cobertor vermelho que me deste. Apanhei a carta e abri a porta para ver se estava lá alguém. Não, não estava. Olhei para a carta e apenas dizia “Estamos nesta carta”. À memória vieram-me imensos momentos, momentos bonitos e dos quais guardo muita saudade. Sentei-me no sofá e abri, com cuidado, a tal carta. Lá dentro apenas tinha uma fotografia minha e tua, tirada no início, quando nos começámos a aproximar. Estavas com um sorriso perfeito e nota-se perfeitamente as minhas bochechas vermelhas. O teu braço estava caído sobre o meu ombro e a minha mão apoiada na tua barriga que eu tanto gosto. Virei a fotografia e tinha um recado, escrita com caneta azul que eu pressenti que tivesse sido a que te dei.
“Um dia, perguntaste-me se já tinha amado alguém. Custou-me responder porque nunca amei ninguém e receei o que ias pensar de mim mas depois… depois descobri que pensaste as coisas mais lindas de mim e prometes-te a ti própria que ias ser a primeira. Pois então, tenho de te dizer uma coisa: foste a primeira.”
Aquele coração que eu te desenhei no caderno de apontamentos da primeira vez que fui à tua casa estava recortado e colado na parte de trás da fotografia.
Apeteceu-me ligar-te. Apeteceu-me sair e correr a cidade à tua procura. Para quê? Para te dizer que te amo.

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