Os cartões, os carinhos e todas as canções que me cantas-te ficaram guardadas.
Um dia combinámos uma ida às novas piscinas da vila. Na altura era muito raro termos dinheiro para isso e quando conseguimos, graças às esmolas que recebemos fruto do nosso lado artístico, o nosso primeiro pensamento foi irmos às piscinas juntos. Achámos magnifico, era a primeira vez que tinhamos direito àquele "luxo". O teu sorriso era enorme, lindo. Estávamos felizes. Um dia tão comum para uns tornou-se tão especial para nós.
Quando me lembro desse dia, lembro-me da manhã. Eram 9h da manhã e eu ainda não tinha a mala pronta. Não sabia que fato-de-banho levar, os que tinha não eram muito bonitos mas acabei por pegar num qualquer, pensando que estava contigo e o resto... o resto não interessava. De todo! Saí de casa à pressa, com medo de te deixar à minha espera. Levei uma fatia do bolo da minha mãe na mão e a mochila às costas. Lembro-me da minha barriga, sempre pareceu um relógio quando ia ter contigo.
E hoje... hoje nem sei o que parece. Precisávamos de mais tempo, ainda havia muito para dar. Transpirava amor, desejo. Vivi a melhor adolescência do teu lado e queria muito, muito mesmo, poder estar a viver a melhor velhice contigo. Contigo do meu lado não me ia importar com as pessoas que me chamam velha chata ou com que roupa vestir para ir comprar o pão. O destino tirou-te de mim e nunca o vou perdoar por isso.
Tenho saudades tuas.
Com muito, muito amor,
Lynette.
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