First Letter

Pequeno pássaro,

Esta noite teima em ser mais complicada que todas as outras, as lágrimas não me largam e a saudade parece ser como contracções, cada minuto que passa vai doendo cada vez mais. Eu olho para a parede na esperança de te encontrar mas só encontro fotografias tuas. Fecho os olhos por momentos, tento mentalizar-me que isto é um pesadelo e quando os abrir já estás comigo, mas só te consigo ver a partir. Olho para fora da janela e observo o céu, nós estamos lá como sempre estivemos. Lado a lado, a encadear corações. Penso que isso é um sinal mas lembro-me que me deixaste. Deito-me na cama, largo os lenços e faço a vontade às malditas lágrimas. Choro choro e choro. Quando me consigo acalmar, viro-me e sinto o teu cheiro na minha almofada. Consegui conter as lágrimas e fui em direcção ao móvel dos lençóis. Mudei a cama e voltei a deitar-me. Lembrei-me que se te escrevesse cartas, cartas que tu nunca irás ler, a minha dor vai passando e a saudade… não consigo lutar com ela, deixo isso para o tempo.

Sabes o balão que me deste quando fiz 18 anos? Está aqui, no meu quarto. Não o vou deitar fora por nada deste mundo. Nem deste, nem de outro.
Espero por ti.

P-S: Trato-te por pequeno pássaro porque és tal e qual um pássaro, vais e vens sempre que sentes necessidade de o fazer.

2 comentários: