"tens noção que a vida é uma merda?"
wow, quando me disseram isto tinha mais ou menos 7 anos. penso que tenha sido um homem revoltado por lhe terem roubado a carteira depois de receber o ordenado. na altura assustei-me porque, porra, tinha 7 anos, não sabia sequer a sensação de ter medo de algo sem ser da homem mau da história que o meu amigo me contou, e vem-me um homem dizer uma asneira á minha frente. sinceramente, quando contei à minha mãe ela deve ter pensado: "se é, o que eu não dava para ter hoje 18 anos e saber o que sei". mas não o disse, acabou por dizer que o senhor estava chateado, para não ligar e para não dizer asneiras.
e hoje, tenho noção que a vida é uma merda. tanta gente que anda por aí sem conseguir ver, ouvir, falar, outros não conseguem andar, outros só mexem a cabeça, outros estão condenados com doenças, outros estão agarrados ao alcóol ou á droga, os outros estúpidos dizem que a sua vida não vale nada porque a vida amorosa está a zeros e não podem sair á rua quando lhes apetece.
a vida é uma merda mas não é pelas limitações que temos, é mesmo pela maneira que as pessoas vêm a vida. tenho a certeza que uma rapariga de 17 anos que é cega vê tudo de uma maneira diferente de uma rapariga de 17 que o seu grande problema é sofrer de amores. parecendo que não, por vezes, só o factor de se ser cega, muda tudo. a mentalidade é outra.
hoje no barco, deparei-me com uma cena dessas, e sinceramente, batam na boca quando digam que a vossa vida é uma merda porque a vida só o é, quando existe uma grande e justificável limitação para isso. e eu ponho as mãos no fogo, como tu aí não a tens. sei que tu davas tudo para tares estável na tua vida amorosa porque assim, já achavas a tua vida perfeita. mas também sei que aquela rapariga, dava tudo para conseguir olhar ver-se a ela própria, ver o seu corpo, a sua cara, o seu cabelo, conseguir maquilhar-se, tudo isso que tu aí, fazes, mas não vale nada.


infelizmente, a lição que se tira disto é que só vemos as grandes coisas, só nos importam essas, a menos que sejamos obrigados a nunca mais ver as pequenas coisas, que afinal, são as grandes.